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domingo, agosto 31, 2008

O (FRACO) DISCURSO DA OPOSIÇÃO ANGOLANA


Quem ouve o tempo de antena e ou assiste aos programas na TV facilmente conclui que há fraqueza no Discurso Mobilizador da oposição angolana.

1- Por que querem os políticos da oposição que votemos neles, se nada nos dizem sobre o que de concreto vão fazer no parlamento?
2- Não seria o Parlamento o local onde ao exercerem a acção fiscalizadora, mereceriam a confiança ou não do povo para a vitória nas eleições de 2012?
3- Por que hei de votar em quem nunca governou e que nem quadros tem para preencher os seus secretariados provinciais?

4- Porquê que todos querem governar e ninguém se predispõe a fiscalizar o vencedor das eleições?

Os espaços de antena, na RNA e TPA, são preenchidos maioritariamente com música, imagens antigas do tempo da guerra (deslocados) entre outras já desactualizadas.

Quanto aos discursos, vemos uns a perguntarem aos eleitores se já ouviram falar da sua formação política e a levarem um NÃO, outros a lerem textos sem contexto diante de câmaras de TV, e outros tantos a limitarem-se a chamar os eleitores a votarem no seu partido, sem que expliquem as razões para tal opção, ou no mínimo explicarem o que darão/farão ao povo depois da votação.

Tendo em conta ao que se vê -nenhum partido opositor está em condições de ganhar as eleições, e nem mesmos todos coligados- seria de extrema importância que os políticos e politiqueiros direccionassem os seus discursos para o papel a desempenhar no Parlamento ao longo da legislatura 2008/2012 e aí afirmarem-se como os “olhos do povo” e realizar, com afinco, o papel fiscalizador. Seria essa, a meu ver, a única promessa que levaria os eleitores a mudar de opção de voto.

Quanto ao resto, são palavras e imagens que o vento se encarrega todos os dias de levar ao esquecimento. E quem viver verá. Faltam apenas CINCO dias!

Luciano Canhanga

quinta-feira, agosto 28, 2008

AO VOLANTE DE LUANDA AO HUAMBO/KUITO


Há seis anos era um sonho irrealizável. Hoje, só não vai quem não quer. Depois de quatro viagens no “lugar do pendura”, desta vez peguei no meu Nissan Almera e desafiei a distância. De Luanda ao Huambo e do Huambo ao Kuito/Bié em 11 horas de viagem. Mais de 760Km... Atravessando os mais distintos relevos. Planícies, Montanhas, Planaltos, Prados (Anharas), Florestas, etc.

Aqueles que eram os obstáculos na estrada (buracos) foram completamente eliminados. Luanda e Huambo estão hoje ligados por uma estrada completamente reabilitada e com grande parte do seu trecho devidamente sinalizado. Por fazer apenas pequenos serviços como a conclusão da sinalização vertical e horizontal e a ampliação das pontes que devem ter as mesmas dimensões do actual padrão das estradas, ou seja, 10 metros de largura.

Pontes como as colocadas sobre os Rios Nhia, Keve, entre outras, foram reabilitadas do zero, conferindo uma segurança reforçada.

Do Huambo ao Kuito outros trabalhos na estrada em estado avançado. Da antiga localidade de Boas Águas, ao Tchicala Tcholoanga e Katchiungo, quem por lá passa ri de alegria. “Tudo Novo, meu filho, o país está andar p’ra frente”, assim mesmo, desabafou Manuel Epalanga, um ancião companheiro de viagem.

São os ventos da mudança que há muito se pretendia. O país está a mudar. E para melhor!

Luciano Canhanga (11.08.08)

domingo, agosto 24, 2008

O LIBOLO E AS PALMAS QUE O POVO BATE


Nas comunidades rurais uma das manifestações de regozijo consiste nas salvas de palmas. E é exactamente isso que os angolanos do mar ao Leste e de Cabinda ao Cunene têm feito nos últimos dias, em função da reposição e criação de alguns bens e serviços essenciais à sua existência.

No Libolo também é assim: O Governo faz e o povo bate palmas em gesto de agradecimento.

Depois da reparação das principais estradas que foram reasfaltadas e outras asfaltadas pala primeira vez, como a que vai à comuna da Cabuta, o executivo cuida agora dos acessos terciários. Antigas picadas legadas por décadas ao esquecimento, recebem agora obras de terraplenagem, ao passo que muitas aldeias e pequenos aglomerados populacionais anteriormente atingíveis apenas por atalhos pedestres recebem agora visitas de automobilistas. “Não está ainda como no tempo colonial, mas o povo já está muito contente”, disse Cornélio Njamba, 78 anos, entrevistado na Aldeia de Pedra Escrita.

Na comuna da Munenga, por exemplo, as aldeias de Calombo, Bango de Cuteca, Kipela entre outras, que há muito não ouviam o roncar de um carro, os aldeões têm hoje as vidas facilitadas no que diz respeito às deslocações e escoamento dos excedentes das suas produções agrícolas para os mercados do Dondo e de Luanda. A picada está reabilitada e contou com a colocação de novos aquedutos.

Quem conhece o passado recente destes povos descobre hoje, e com facilidade, um novo sorriso. A nudez aos poucos desaparece. A má nutrição aguda e as anemias entre as crianças vão passando para a História e a língua que nos une, o português, já é falado em todas as casas e por todas as crianças, independentemente da origem e formação dos seus progenitores. “Hoje, bailundos e kimbundos estamos todos unidos e os nossos filhos só aprendem português”, confirmou Maria Massaca.

As autoridades e as comunidades organizadas vão fazendo o que podem e os beneficiários batem palmas, mas como não há bela sem senão, faltam ainda escolas e postos de saúde em muitos aglomerados populacionais, como o da Pedra escrita que conta com mais de 2000 habitantes, entre adultos e crianças.

Aqui, o secretário da aldeia diz que o povo já cumpriu com a unificação do povoado, restando do governo a construção de uma escola definitiva e de um centro médico. “Fruto dessas carências, muitos adolescentes e jovens não sabem assinar os seus nomes, assim como muitas doenças são tratadas por enfermeiros com competência duvidosa”, disse a terminar Martinho Pambasanje.

Para afogar os lamentos surgem os fins-de-semana futebolísticos com o Recreativo do Libolo a elevar a alegria dos libolenses. O seu embaixador no Girabola (Primeira divisão do Campeonato angolano de futebol), que na 19ª jornada foi a Benguela derrotar o Primeiro de Maio por 0-1, é já o símbolo de unidade de todos os libolenses e Kuanza sulinos em geral.

Luciano Canhanga
(Na foto a vila de Calulo)

quinta-feira, agosto 21, 2008

NA TERCEIRA CAIU O “REI”


Onde há trabalho nem sempre os nomes cantam mais alto. Em Angola e em África, quando se fala sobre Futebol de “primeira água”, o Petro Atlético de Luanda é sempre uma equipa a ter em conta, pois trata-se da equipa mais titulada do principal campeonato caseiro de futebol e com história em competições sob a égide da CAF (Confederação Africana de Futebol). E que tal do Recreativo do Libolo?

Um mero estreante à principal liga angolana de futebol, e mais ainda, uma equipa oriunda de um município interior da província do Kuanza-Sul. Porém, este estreante, já tem páginas escritas na história da modalidade em Angola, ao longo de 19 jogos oficiais já efectuados, desde que ascendeu à 1ª divisão.

No campeonato, soma 31 pontos, na quarta posição. Em 19 partidas realizadas, perdeu apenas por duas vezes e contra o Petro de Luanda, sendo a primeira por 2-0 e a segunda por 1-2, diante do mesmo carrasco que, caiu na terceira partida entre ambas.

Depois da vitória no Estádio Patrice Lumumba, em Calulo, reduto do Recreativo do Libolo, os petrolíferos de Luanda foram travados em sua própria casa, por 0-1, em jogo pontuável para os oitavos de final da taça de Angola, a segunda maior competição do país, realizado na tarde de domingo, dia 10 de Agosto de 2008.

O Libolo faz assim História ao inverter a música dos adeptos petrolíferos que entoavam a canção “Óh Libolo sai do caminho, que o Petro quer passar”. Desta vez passou o Libolo em pleno Estádio Nacional da Cidadela, o recinto do Atlético Petróleos de Luanda.

Olhando para as duas competições, No Campeonato, o Libolo com 31 pontos, ainda pode ser campeão, tendo em conta as probabilidades matemáticas. O Petro tem 41 pontos, numa altura em que restam ainda por disputar 21 pontos de 7 jogos. Na traça de Angola, o Petro já não tem sonho. O sistema de eliminatórias directas coloca-o definitivamente fora da competição.

Sem desprimor pelos adversários, do Girabola (campeonato) e da Taça de Angola, afirmo, e de viva voz, que o Atlético Recreativo do Libolo pode representar o país nas AFRO TAÇAS e para lá chegar, à equipa, só se pedirá trabalho e disciplina. Pois, mesmo sem tradição e experiência, os resultados estão à mostra. Para calar os mais inquietos detractores, o Libolo despachou em sua casa, na 19ª jornada do Girabola o histórico Primeiro de Maio de Benguela. Gostava agora de voltar a ouvir a música que apela ao caminho livre. Quem deverá sair do caminho no próximo jogo contra os militares?

Aproveitando o espaço que o Jornal dos Desportos me concede, deixo aqui uma réplica ao meu amigo Carlos Calongo Adão quando se referia, nos dois artigos publicados neste jornal com o título “Missão Libolo”, que … “pai e filho, treinador principal e adjunto do 1º de Agosto, foram punidos na sequência do jogo que o clube do Rio Seco disputou no Libolo, ajuizado pelo árbitro Jorge Magalhães, que ao que se diz, fez de tudo para que, no mínimo, o Clube Central das Forças Armadas Angolanas não conquistasse os três pontos em casa do adversário...” como antigo iniciado do Kambuco Futebol Clube, embora seja até adepto do Petro, vou dizer que fazer uma afirmação com tal é passar à tangente dos factos.

Mais do que simpatias e “militismos” desmedidos aguardemos pela terceira partida entre o Libolo e o D’Agosto que pode ser de vez!

Onde há trabalho, nem sempre a voz dos altos chega mais longe. Que o digam o D’Agosto, o Petro e o De Maio (os papões do nosso futebol)!

Luciano Canhanga
Na escadaria da fortaleza de Calulo)

segunda-feira, agosto 18, 2008

ENQUANTO ANGOLANOS DORMEM CHINESES "DEVORAM" TARTARUGAS


Fixe o seu olhar sobre a imagem. O animal que se tenta esconder num saco de ráfia é uma jovem tartaruga marinha, capturada na costa de Luanda ou noutra próxima da capital. A viatura em que seguiam um cidadão nacional e um chinês foi vista parada na estrada Deolinda Rodrigues, junto ao mercado dos congoleses, na tarde do dia 14 de Agosto de 2008.

Perante a aflição, o animal ainda conseguiu rebentar o saco e evadir-se da carrinha. Mas o chinês e o seu ajudante angolano, que ia ao volante, lá pararam para comprar outros sacos, a fim de poderem esconder a tartaruga dos olhos dos patriotas angolanos.

Apenas duas frases se puderam captar do ajudante do chinês que não quis se identificar: que o animal não era dele e que não sabia qual o destino certo da tartaruga, se o estômago dos chineses ou a China. O angolano disse ainda que era a segundo animal do género que transportava, a pedido dos chineses ao serviço da GNR e com instalações em Viana.

Casos como esses não devem ser isolados por toda Angola. Abate de animais em risco de extinção, delapidação de minerais preciosos, entre outros bens dos angolanos. Populares que vêm do Ebo, província do Kuanza-Sul, contam que determinadas zonas cujo acesso era, desde o tempo colonial, proibido aos autóctones, são hoje as predilectas dos chineses que mergulham com sacos trazendo areias das profundezas do rio.

Será esse o “preço adicional da reconstrução”, ou enquanto dormimos os chineses vêem-se com tudo, até para devorarem as nossas tartarugas?

Luciano Canhanga

sexta-feira, agosto 15, 2008

FORTALEZA DE CALULO


Palco de violentos e encarniçados combates, primeiro entre Forças de Ocupação Colonial e os nossos heróis da resistência (nos Sec. XIX e XX), depois entre as Forças Armadas Portuguesas e os Movimentos de Libertação Nacional (1961-1975), e mais tarde ainda entre as FAPLA/FAA e Forças da rebelião (1975-2002), a fortaleza de Calulo foi sempre o último bastião, a cair, das forças que a detinham.
Fruto dos inúmeros golpes que sofreu ao longo da sua existência, ela foi sendo beliscada nas sua estrutura pela acção da guerra e do desgaste natural, visto nunca ter beneficiado de obras de restauro.

Para perpetuar este importante monumento histórico dos libolenses e do país em geral, a Fortaleza de Calulo recebe já obras de beneficiação que consistem na colocação de uma cintura em pedras ao longo da sua extensão, (trabalhos já concluídos), a que se seguirão outros trabalhos de reabilitação de partes do muro em Pedras.
Dados disponíveis apontam que a Fortaleza de Calulo, ou do Libolo, foi mandada construir em finais do séc. XIX, tendo em 1917 a população se levantado contra as forças coloniais portuguesas.
Fortaleza de Calulo foi até perto do ano de 2000 um reduto militar, por isso, com entradas restritas. Bem à direita da sua entrada está o Palácio Municipal.

Hoje, a Fortaleza está aberta ao público e sobretudo aos estudantes que vão aprendendo um pouco mais sobre a história dos “Akua Lubolo”. O forte, acolhe no seu interior as antenas e cabines repetidoras da TPA e RNA.

Depois de concluídas as obras de que beneficia, e para um melhor serviço aos estudantes e turistas, ela carecerá de um guia bem treinado que passará a traduzir aos visitantes a grandeza, importância e história do Libolo e seus povos.

Mociano Canhanga, Argentina Matos, Rosa Cristina, Paula Maria e Deodato Muhongo são o exemplo de muitos estudantes e turistas que idos de Luanda, confirmam no terreno as histórias aprendidas na escola e ou contadas pelos pais, naturais do Libolo.

Luciano Canhanga

terça-feira, agosto 05, 2008

VIAGEM SOBRE RODAS: PERIGO SEMPRE À ESPREITA


A paz que o país vive e a reparação de que beneficiam as nossas estradas têm servido de convite às viagens sobre rodas.

Assim, muitas localidades, anteriormente inatingíveis por estrada são hoje trilhadas, diariamente, por centenas de carros que dão vida às vilas e aldeias interiores, bem como às com unidades ao longo das estradas. Porém, apesar das vantagens e dos benefícios trazidos pelo incremento da circulação rodoviária, um pouco pelo país, há outros aspectos negativos que merecem aqui alguma atenção. Quero referir-me ao excesso de velocidade, imprudência, trabalhos na via e má finalização das obras nas estradas.


a) Causa principal dos inúmeros acidentes de viação que se verificam pelas nossas estradas interiores e com elevados prejuízos humanos e materiais, os excessos de velocidade devem ser motivo de reflexão e prevenção. Quem viaja sobre rodas facilmente dará conta que apesar de terem sido retirados das bermas das estradas todas as “sobras da guerra”, as nossas rodovias voltaram a estar repletas de esqueletos de viaturas acidentadas e ou incendiadas. Concorrem para tal o desconhecimento das vias (curvas apertadas, descidas de elevado declive, entre outros factores).


b) Imprudência: é outra causa de acidentes e incidentes nas estradas. Muitos procedem como que as rodovias fossem propriedade apenas sua. Circulam em faixas alheias, não respeitam a sinalização (quando esta existe), não respeitam a ordem de prioridade nos entroncamentos e cruzamentos, não respeitam a tonelagem permitidas em pontes condicionadas, muito menos observam as normas de segurança pessoal e dos meios à sua guarda. Campanhas de prevenção rodoviária e aplicação rigorosa de multas, sem recurso às “gasosas”, não seria um castigo, mas sim um bem que “quem de direito” prestaria ao país.


c) Uma boa circulação dependerá sempre da existência de boa estradas. Boas estradas dependem de obras de restauro e manutenção. Porém, obras na via sem a devida sinalização têm servido de autênticas armadilhas, sobretudo para os camionistas que usam a noite como o tempo propício para carregar o acelerador. A ampliação de pontes tem levado a que sejam criados pequenos desvios para picadas. Até aqui tudo bem, mas quando a advertência para a entrada em estrada alternativa é feita em cima da curva, as consequências são as que vemos: capotamentos, quedas de contentores, rebentamento de pneus, devido a travagens repentinas, entre outros sinistros.


d) O mau acabamento das obras nas estradas é outro mal que concorre para o aumento de acidentes nas rodovias. Muitas estradas reasfaltadas apresentam excessivas e desnecessárias lombas ou inclinações, junto às curvas o que, por si só, desorienta o condutor e desestabiliza o veículo, dada a quebra da aderência dos pneumáticos. Por outro lado, e aqui podemos citar o troço da estrada EN 210 que vai da ponte do Kuanza ao desvio da Munenga, muitas estradas com menos de um ano já apresentam mais buracos do que o asfalto pré-existente, deixado pelos colonos. Há alguma explicação para tal?


É que todos circulam sobre estes trechos, vêem e sofrem na pele e nos bolsos as consequências destas obras mal concluídas: Acidentes por despistes, molas e direcções partidas, entre outras estórias que todos os automobilistas contam.

Luciano Canhanga