Translate (tradução)

sábado, fevereiro 28, 2009

O RENTÁVEL NEGÓCIO DAS OPERADORAS E TV



O canal de televisão lança um concurso com prémios atractivos: carro, motorizadas, electrodomésticos e outras coisas. Para participar do concurso bastará enviar um sms ou telefonar.

Ao valor da tarifa normal 1 sms custa entre 1utt ou 1,25 utt, mas o concorrente terá de descontar 11,1 Utt’s que equivalem a AKz 80, ao invés dos AKz 7,2 equivalentes a 1Utt.

Parece nada de anormal, pois não?

É que para um concurso em que participem, por exemplo, 250.000 concorrentes estes acabam pagando em sms AKz 20 milhões quando na verdade a empresa de telefonia desconta uma média AKz 281.250.

Viu agora a diferença?

Com o troco compram-se o carro, as motorizadas, os electrodomésticos, paga-se a publicidade e resta ainda muito para encher as contas da TV.


Luciano Canhanga (reflectindo)

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

MONA-A-CHICO

Surgiu, nesta data, na imprensa angolana "um Mona-a-Chico", escrevendo temas económicos no "recém-surgido (ed. n. 1 do) "semanário económico Expansão.
Quem será o Mona-A-Chico?

Luciano Canhanga

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

A FESTA REGRESSOU AOS CAMPOS


Retornou, Sábado, aos estádios de futebol de Angola a festa do principal campeonato de futebol, o Girabola.

Eis os resultados da 1ª jornada:

Académica do Lobito-Petro de Luanda, 2-3

Bravos do Maquis-Recreativo da Caála, 2-1

ASA-Libolo, 2-2
Interclube-Kabuscorp, 0-0
1º de Agosto-1º de Maio de Benguela, 1-0
Desportivo da Huíla-Académica do Soyo, 0-1
Santos FC-Benfica de Luanda, 0-0

Classificação

1-Petro de Luanda 1 jogo/ 3 pontos

2-Bravos do Maquis 1/3
3-1º de Agosto 1/3
4-Académica do Soyo 1/3
5-ASA 1/1

6-Libolo 1/1

7-Santos 1/1

8-Benfica de Luanda 1/1
9-Interclube 1/1

10-Kabuscorp 1/1

11-1º de Maio 1/0

12-Desportivo da Huíla 1/0

13-Recreativo da Caála 1/0

14-Académica do Lobito 1/0.

Próxima jornada

Benfica de Luanda-Interclube

cadémica do Soyo-Santos FC

1º de Maio-Desportivo da Huíla

Petro de Luanda-1º de Agosto

Recreativo da Caála-Académica do Lobito

Recreativo do Libolo-Bravos do Maquis

Kabuscorp-ASA.


Luciano Canhanga

sábado, fevereiro 21, 2009

"MARIA CORAGEM"


"Mamãs ou Manas Coragem" houve e há muitas. Cada uma no seu meio, seu tempo e no seu jeito. Anália V.P. foi corajosa ao ser a primeira dama a desejar governar todos os angolanos (depois das coligações de Njinga Mbandi). Mas será que terão faltado "atrevimentos" semelhantes?
-Sempre houve. Faltaram os holofotes ou não precisaram de se manifestar, pois vejamos:

Uma senhora tem o marido doente. A guerra movida pela UNITA atinge a aldeia de Rimbe, no Libolo (comuna da Munenga). O filho mais velho está na casa-de-água(1) e não pode manter contacto com o mundo exterior (a comunidade).

Maria, a senhora, leva o marido ao hospital da Vila de Calulo e lá é transferido para o Sumbe. Na Justificar completamentecapital kuanza-sulina não tem familiares e ela nem tem dinheiro.

A saúde do marido degrada a cada hora que passa, receia o pior e decide levá-lo a Luanda onde tem um irmão e uma sobrinha que trabalha no hospital sanatório.

Para viajar era necessário destilar makiakia(2) cujo dinheiro, resultante da venda, serviria para pagar a passagem no autocarro da ETIM. Porém, um primo do marido, depois de embriagado, entorna o tambor da makiakia em destilação, mas a Senhora não desiste. Faz empréstimo e leva o marido a Luanda onde morre uma semana depois de baixa hospitalar.

Feito o funeral, volta viúva, desamparada, sem dinheiro, com dívidas por saldar e quatro filhos menores por cuidar. 0 mais velho, ainda na casa-de-água, tem oito anos e a menina mais nova tem dois. A tradição exige um novo funeral (fictício) e depois de um ano o sacrifício de um bode para tirar o luto.

Estávamos já no ano de 1984. A guerra aperta. Mais noites são passadas na mata, de baixo de chuva, mosquitos e outras feras, do que no casebre de pau-a-pique. Mãe e filhos refugiam-se na sede comunal da Munenga e no mesmo dia, 15 de Fevereiro, a UNITA ataca. Todos os haveres são levados pelos guerrilheiros e a família refugia-se na aldeia de Samba Caringe, onde por um mês vive a custa de trabalhos prestados em lavras de aldeões locais.

Com tudo perdido, Maria regressa, com as mãos à cabeça(3) à aldeia de origem (mais de 60Km). Junta forças, as últimas forças, junta trapos e arrisca a viagem para Luanda, com os filhos, onde o irmão os receberia.

Posta na capital angolana é-lhe dado um casebre de pau-a-pique, mas tem de se adaptar aos negócios madrugadores da capital angolana e sustentar os quatro menores. Abdica de amores e sustenta os filhos, ajuda o irmão mais novo desertado das FAPLA e sobrinhos abrangidos para a "vida militar".
Esmera-se nos negócios da fuba de milho, peixe frito e outros bens de primeira necessidade, comprados e revendidos na candonga(4).

Com a poupança melhorar as condições do casebre e junta dinheiro para recomeçar a vida destruída no campo.

Amenizada a guerra, em 1987, regressa à terra natal e recomeça a vida campestre, dividindo-se entre o campo e a cidade capital onde residem os filhos.

Esta Senhora anónima que responde pelo nome de Maria Canhanga é ou não uma heroína? É ou não uma "mamã coragem"?

Por isso digo: Cada uma no seu tempo, no seu meio e com as suas armas.

Na foto: Maria Canhanga à esquerda
1- iniciação masculina ou circuncisão
2- Também conhecido como Kaporroto. Bebida alcoólica destilada
3- mão vazias; sem nada
4- Venda ilegal ou informal (normalmente eram produtos desviados de lojas estatais no tempo da economia planificada)
Luciano Canhanga

domingo, fevereiro 15, 2009

PETRO ABATE LEOPARDOS E AGUARDA "TODO PODEROSO" MAZEMBE



O Petro de Luanda apurou-se para a fase seguinte das preliminares da Liga de Clubes Campeões Africanos em futebol, ao vencer em Mbabane, o Royal Leopards da Swazilândia, por 3-0, em jogo da segunda “mão” desta prova. Igual resultado tinha sido conseguido em Luanda na primeira mão. Nos 16 avos de final, os comandados de Bernardino Pedroto medem forças com os "Todo Poderosos" Mazembé, do Congo Democrático.

Abaixo alguns dados dos dois oponentes:
1-Atlético Petróleos Luanda:
Conhecido também como Petro Atlético Luanda, Petro Atlético, ou simplesmente Petro Luanda, é um clube tradicional de futebol de Luanda, Angola, fundado em 1980. O clube ganhou o seu primeiro título da Liga Angolana em 1982.
Títulos
• Liga Angolana: 1982, 1984, 1986, 1987, 1988, 1989 , 1990, 1993, 1994, 1995, 1997, 2000, 2001,2008
Taça: 1987, 1992, 1993, 1994, 1997, 1998, 2000, 2002
O Petro de Luanda faz os seus jogos no Estádio da Cidadela

2-Tout Puissant Mazembe: Inicialmente baptizado por "Englebert", é um clube de futebol congolês baseado em Lubumbashi e realiza os seus jogos no Stade Municipal de Lubumbashi.

O Tout Puissant Mazembe foi fundado em 1939, o clube foi reestruturado depois da independência daquele país, (30 Junho de 1960) e participa em 1996, no campeonato nacional do katanga e a taça do Katanga.
Palmarés • Taça africana dos clubes campeões (liga africana): 1967, 1968 e finalista em 1969, 1970
• Copa Africana dos vencedores das taças: 1980
• Liga Congolesa (Linafoot): 1966, 1967, 1969, 1976, 1987, 2000, 2001, 2006, 2007
• Taça do Congo: 1966, 1967, 1976, 1979, 2000.

Será que o Petro vence a eliminatória?

Luciano Canhanga

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

ERROS NA PUBLICIDADE: QUE REMÉDIO?


É sabido que muitos são deliberados (expressão oral), outros derivam do desconhecimento da língua de trabalho (no caso a portuguesa) e muitos ainda do desconhecimento das ferramentas publicitárias, confundindo a linguagem brejeira com o chamariz para a adesão ao produto...

Atendendo que uma das formas de aprendizagem consiste na imitação dos mais novos aos mais velhos (no sentido da idade, da exposição e do conhecimento). Sabendo que a media exerce uma grande influência sobre as crianças e adolescentes. Tendo em conta as muitas (des)coisas que se dizem nas rádios e televisões angolanas;

Podemos ou não melhorar a linguagem usada na Publicidade áudio-visual angolana?

Luciano Canhanga

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

OS AMBUNDU DO K-SUL: DELITOS, TRANSGRESSÕES E PENALIZAÇÕES NAS ALDEIAS RURAIS


"A autoridade tradicional é imposta por procedimentos considerados legítimos porque sempre teria existido, e é aceite em nome de uma tradição reconhecida como válida. O exercício da autoridade nos Estados desse tipo é definido por um sistema de status, cujos poderes são determinados, em primeiro lugar, por prescrições concretas da ordem tradicional e, em segundo lugar, pela autoridade de outras pessoas que estão acima de um status particular no sistema hierárquico estabelecido (Max Webber)" 1.

Para além dos meus primeiros dez anos de vida vivida em aldeias rurais do Lubolo (Libolo) e Kibala, tenho me servido de idas constantes à região que descrevo para “in situ” reviver o “modus vivendi e operandi” destes povos.

As comunidades rurais do Libolo, Kibala e doutros povos ambundu que habitam o território da província angolana do Kuanza-Sul, apesar de não possuírem uma pauta que tipifique o que são delitos e o que são transgressões nem tão pouco as penalizações para cada desvio de conduta social, têm um sistema jurídico baseado em mores e hábitos aceites universalmente pela comunidade e que têm o peso de lei.

Ùkambula é o termo que traduzido para português equivale a cometer delito ou desvio social. A autoridade administrativa e sua corte, no caso o rei/soba é também o garante da legalidade na sua jurisdição sendo auxiliado na administração da justiça pelo Ñgana Thandela (ministro da justiça)2 que é perante a corte o responsável pela aplicação da lei.

O delito maior é o assassinato ou seja a morte de alguém de forma voluntária, o que pressupõe dizer que o direito à vida é o principal que a sociedade atribui ao homem.
Roubos, furtos, violações, falsos testemunhos, agressões físicas e verbais, incêndios contra propriedades privadas e ou colectivas (como as coutadas) são frequentes, sendo igualmente os desvios às normas sociais mais conhecidos e punidos de acordo ao direito consuetudinário.

Fruto da sua crença no poder dos defuntos e antepassados e sua irreligiosidade (são grande parte animistas) os povos em referência têm uma grande crença no feitiço. Daí que acusações de feiticismo preenchem o dia-a-dia do soberano e das comunidades.

Entre as penalizações constam a simples censura, restituição de bens de terceiros (roubados ou danificados), indemnizações (pecuniárias e em espécie), castigos físicos, entre outros.

A autoridade do rei/soba é reforçada apelo animismo e pela ideia de feitiço. O rei é tido como o detentor do mais forte feitiço, daí que para além de respeitado é igualmente temido, sendo as suas convocatórias, normalmente de comparência obrigatória. Os povos destas comunidades apesar de professarem algumas crenças religiosas (católica e protestantes) têm uma ligação muito forte a seus ancestrais e retornos a práticas animistas.

No esforço de conciliação entre o moderno e o tradicional, muitas vezes os reis/sobas encaminham determinados “casos” às autoridades políticas e judiciais, sobretudo casos de homicídios voluntários, evitando-se assim que seja executada a justiça por mãos próprias, as autoridades policiais locais (as mais próximas) têm sido igualmente várias vezes chamadas para dirimir querelas que os soberanos julgam poder fugir fora do seu controlo. Outras vezes são os próprios cidadãos que recorrem ao direito positivo, sempre que julguem ineficazes os julgamentos comunitários.

1-http://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Weber, consulta 05.02.09
2- VINTE E CINCO, Gabriel: Os Kibalas, Núcleo-Publicações Cristãs, Lda. Queluz, 1992
Na foto: Rei Katiopololo do Bailundo e o Jornalista Sousa Jamba

Luciano Canhanga