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sábado, dezembro 26, 2009

DE OLHO NA ENGRENAGEM (1)

Dados oficiais apontam que este ano o sector industrial em Angola representa cerca de 61,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) que é a soma de toda a riqueza produzida no país durante o período. Olhando para os números parece que vivemos num país amplamente industrializado. Os números referem-se tão somente à indústria petrolífera, mineira/diamantífera, de bebidas, e outra nascente em pequeníssima escala como pequenas cerâmicas e similares. Toda a indústria pesada pré-existente está desactivada ou degradada.

Da indústria em Angola, tida em tempos, como o factor decisivo do desenvolvimento tendo a agricultura como a base, restam apenas dizeres e intenções. O que o país herdou do regime colonial, em 1975, era uma indústria embrionária e marcadamente agrária, quando comparada com os grandes parques industriais das metrópoles de então, ou mesmo de outras colónias anglófonas. A ausência de quadros qualificados para esta indústria herdada, a falta de novas tecnologias e de matérias-primas, bem como de uma gestão virada para o desenvolvimento e o lucro, aliada à guerra civil que se prolongou até 2002, deitaram toda a herança industrial ao ostracismo.

O que temos hoje é novamente uma indústria que renasce à volta das grandes cidades, longe, por isso dos potenciais produtores de matérias-primas. Esta tímida reindustrialização esbarra ainda no fraco investimento, quer do Estado, enquanto proprietário, quer do empresariado privado, este último inibido pelas elevadas taxas de juro, diminuto período de graça ao reembolso e instabilidade do mercado financeiro, etc.

Tudo o que vemos, é por via disso, o crescimento da indústria petrolífera com gigantescos saltos, seguindo-se-lhe a de bebidas, que viu os seus equipamentos renovados e ou ampliados. A mineração, embora afectada pela crise financeira internacional dos últimos 12 meses, conheceu igualmente algum desenvolvimento tecnológico, mas condicionada aos ventos da economia e finanças internacionais.

Com a paz, a desminagem dos campos aráveis e o consequente crescimento da produção agrícola, urge necessário partir-se para a agro-indústria, seguindo os passos dados pela Rússia em finais do seculo XIX e princípios do século XX. É lógico que não se seguirão os passos à risca, mas será de todo útil que ali onde houver produção, haja também uma indústria de transformação e conservação. Isto não só encorajaria os pequenos agricultores a produzirem cada vez mais excedentes para a venda às novas indústrias transformadoras, como também motivaria os empresários a investirem cada vez mais, levando o país à auto-suficiência e posteriormente à competição internacional. Aliás, lidos os últimos discurso políticos dos mais altos governantes angolanos, é por este caminho que tendem as ideias e as orientações.

É preciso ressuscitar defuntos como a Sucanor, Mabor, Fabimor, Ert, Satec, Caima, Macambira, entre outros gigantes dum tempo não muito recuado. É preciso fazer renascer o ferro de Cassinga, reciclar o ferro-velho, espalhado um pouco pelo país, e transformar as “sobras da guerra” em arado para os campos. Temos de voltar aos tempos em que em cada canto havia um ofício e em cada vilarejo uma pequena indústria. Nasci numa comuna do interior do Kwanza-Sul que possuía uma pequena fábrica de sabão, pertencente à família Cabral, e uma cerâmica da família Cunha. Quem é da Munenga sabe que haviam até fabriquetas de processamento de óleo de dendêm e descasque de café dos quais restam apenas escombros.

Na semana em que foi aprovado pelos deputados angolanos o OGE para 2010, importa pedir que quer os números previstos no documento executivo do governo, quer as intenções manifestadas pelos investidores privados junto da ANIP se tornem em realidade para que num horizonte curto, Angola venha a ser, não só, um canteiro de obras mas também uma engrenagem em rotação.

1- Publicado pelo Semanário (angolano) Económico na sua edição de 17/12/09

segunda-feira, dezembro 21, 2009

O REERGUER DE MUA-TXIMBUNDU


Os mais velhos chamam  a localidade por Mua-Tximbundu (em Cokwe  soberano Tximbundu). Os portugueses,  porém, baptizaram-na por Mona-Quimbundo e assim está conhecida a comuna da Lunda Sul, município de Saurimo, que fica na estrada que liga esta cidade a Malanje.

Novas residências construídas de raiz dão um novo "ar visual" à circunscrição que cresce a olhos vistos.



O hospital com energia solar, a central eléctrica (diesel), água e outras benfeitorias contam-se entre as inovações dos últimos tempos.


Os habitantes também fazem a sua parte, inovando e (re)construindo. Só falta mesmo o (regresso do) artesanato que estudamos no Livro de Leituras da terceira classe da Primeira República (de Angola).
 
 
 

Quem ainda se lembra do texto Cazage e Mona-Quimbundo?  

sexta-feira, dezembro 18, 2009

MANUCHO (IN)DISPENSÁVEL "NOS PALANCAS"?


Há poucos dias do CAN que Angola organiza, um dos debates entre os angolanos amantes do Futebol tem a ver ainda com a questão Manucho Goncalves que, segundo se sabe, terá sido inoportuno para com Manuel José, o técnico da selecção angolana.

Foram esmiuçados os argumentos do técnico a que se seguiu o pedido de desculpas públicas do atleta do valladolid de Espanha.

Olhando para o passado e o futuro dos Palancas Negras e para o interesse supremo dos angolanos, resta-nos dar resposta à seguinte pergunta para de uma vez por todas se encerrar o debate, e atéporque é já no dia 22.12.09 que Manuel José anuncia a lista definitiva dos jogadores que representam os 16 milhões de angolanos no CAN:

_ Se Manuncho for dispensável que se esclareça que para esta campanha, em nome do respeito, o atleta jamais será convocado.


_ Se Manucho for indispensável que seja (re)convocado.

terça-feira, dezembro 15, 2009

ANGOLANOS JÁ SÃO 16 MILHÕES - CONFIRMA SITE DA PRESIDÊNCIA


"Nós somos milhões e contra millhões ninguém combate". Dizia o saudoso presidente Neto nos idos anos Setenta do século passado. E éramos simplesmente uns sete milhõies. Hoje somos mais do que o dobro do que era para o primeiro presidente angolano a razão da vitória contra o imperialismo. 

Os dados que publico abaixo sobre a população angolana são fiáveis. Foram obtidos do Site Oficial da Presidência da República (http://www.pr.ao/paginas/ver/provincias_de_angola). Portanto, os mais fiáveis até aqui divulgados. Vale a pena partilhá-los.

Dados Sócio-demográficos:

População (estimativa de 2008) 16.800.000 Habitantes
Faixa etária da População (0-14 anos) 48.1%
Faixa etária da População (15-64 anos) 49.3%
Faixa etária da População (65 e mais) 3%
Taxa de crescimento da população 3%
Índice sintético de fecundidade 6.0 Filhos por mulher
EO. (Esperança de vida) 42 Anos (ambos os sexos)
Taxa de mortalidade materna 1400 Por 100.000 nados vivos
Taxa de mortalidade infantil (inferior a 1 ano) 158 Por 1000
Taxa bruta de mortalidade 134 Por 1000
Taxa bruta de natalidade 53.3 Por 1000 habitantes
Taxa de alfabetização 67%

DADOS PROVINCIAIS
Província do Bengo: Área: 33.016km2; População:310.000;
Província de Benguela: Área: 31.780km2; População: 750.000;
Província de Bié: Área: 70.314km2; População: 2.000.000;
Província de Cabinda: Área: 7.270km2; População: 170.000;
Província de Kunene: Área: 87.342km2; População: 250.000;
Província do Huambo: Área: 34.270km2; População: 1.200.000;
Província de Huíla: Área: 75.002km2; População: 900.000;
Província do Kuando Kubango: Área: 199.049km2; População: 150.000;
Província de Kwanza Norte: Área: 24.110km2; População: 420.000;
Província de Kwanza Sul: Área: 55.660km2; População: 610.000;
Província de Luanda: Área: 2.257km2; População:4.000.000;
Província de Lunda Norte: Área: 103.000km2; População: 270,000;
Província de Lunda Sul: Área: 77.637km2; População: 130.000;
Província de Malange: Área: 97.602 km2; População: 700.000;
Província de Moxico: Área: 223.023km2; População: 240.000;
Província de Namibe: Área: 58.137km2; População: 225.000;
Província de Uíge:Área: 58.698km2; População: 500.000;
Província do Zaire:Área: 40.130km2; População: 600.000;

quinta-feira, dezembro 10, 2009

MPLA: PRESIDENTE LEGITIMA-SE COM VOTO SECRETO MAS PERDE UNANIMIDADE

Uma das críticas que se faziam ao presidente do MPLA, José Eduardos dos Santos, era o facto da sua eleição ter sido sempre feita por mão levantada, o que colocava uma grande subjectividade ao processo, uma vez que ninguém queria ser conotado com o contra, levantando a mão em sentido oposto, ou seja, votando contra.

Atento às críticas, quis JES que desta vez, embora apresentando-se como candidato natural e único ao pleito, fosse confirmado por voto secreto dos cerca de 1900 delegados presentes ao VI congresso do MPLA.

Foi bom ver o renascer ou fortalecer da democracia interna no maior partido angolano. Com esta proeza, JES pôde também ganhar, entre os selectos delegados, uma trintena de vozes discordantes com a sua direcção, brindando-lhe um voto negativo.

Lidos os números, no que tange à diferença abismal entre o SIM e o NÃO, muitos podem considerar insignificantes os votos oposicionistas que são, a meu ver, um bom sinal de que que já "nem todos cantam a mesma música". Um sinal que não deve ser menosprezado pelos feitores da “home politic” e pelos politólogos. Importante é também a forma inovadora no Partido que a estender-se aos demais fóruns electivos pode, a médio e longo prazos, criar outros efeitos.

A JES elogia-se também a abertura e coragem demonstradas ao submeter-se ao voto secreto, indicativo de que o homem está pronto para uma “peleja” em igualdade de circunstâncias com os outros contendores nas presidenciais de 2012.

No final das contas deste Processo Orgânico, outra nota importante a realçar é o facto de a OMA - organização feminina do MPLA -  ter conseguido 2 Primeiras  Secretárias Provinciais do Partido (Lunda Sul e Namibe) e mais 10 Cdas no Secretariado Executivo Nacional do Partido, elementos suficientes para aqui dizer-se, e bem alto,

Bem haja MPLA!

terça-feira, dezembro 08, 2009

JES MANIFESTA-SE CONTRA O REGIONALISMO


No seu discurso de abertura do VI congresso do MPLA, partido a que preside, José Eduardo dos Santos referiu-se ao termo akuakuiza (os vindos de outros lugares), expressão que indica a aversão dos nativos de determinadas regiões do país (Angola) em relação aos quadros de outras proveniências.

Dizia JES que "tal comportamento é pernicioso" ao desenvolvimento do país e pediu mesmo o seu "enérgico combate".

Se o apelo de JES já peca por tardia, pois os técnicos e quadros doutras regiões há muito são catalogados como estrangeiros no seu próprio país, JES cometeu igualmente um lapso ao não ter apelado ao combate generalizado destas práticas separatistas e tribais a todos os níveis e sectores de actividades do país, referindo-se somente ao combate dentro do seu partido. De um homem que preside o maior partido e o país esperam-se, sempre, discursos de Estado e não circunscritamente partidários, como foi desta vez.

Resta-nos agora aguardar que o MPLA, partido que governa Angola, inicie a luta contra a exclusão ou xenofobia interna e que esta luta se estenda no mais curto espaço de tempo a todos os segmentos da sociedade angolana.

JES terá também de orientar um minucioso estudo sobre as causas deste destrato que sofrem os angolanos que se dirigem em missões de trabalho a outras províncias (bem identificadas), para se saber se estarão por trás disto sentimentos meramente separatistas, políticos, ou se motivados por "atraso" cultural (acentuada iletracia), falta de oportunidades ou doutra índole, pois regiões há onde se preza mais o estrangeiro branco do que o negro angolano doutra província.

domingo, dezembro 06, 2009

UMA PROVA QUE VALE VINTE E UM

PONTO PRÉVIO: Aos 16 anos estreei-me na formação dos mais novos. Não possuía ainda conhecimentos sólidos sobre didáctica, tão pouco sobre a avaliação. Aos vinte anos comecei a ter noção de técnicas pedagógicas, avaliativas e sobre o nosso sistema de avaliações no ensino primário, enquanto professor do ensino geral público. Aos vinte e quatro anos ingressei na Universidade Agostinho Neto onde estudei didáctica de História, razão pela qual, não sendo dos mais bem quotados do mercado, posso atrevir-me a fazer comentários sobre práticas académicas. Os meus frutos estão espalhados por aí, e em boa quantidade e qualidade.

Este exercício surge a propósito de uma prova de Educação Moral e Cívica a que o meu filho foi submetido no colégio que frequenta a sétima classe. Pelo conteúdo, uma prova bem elaborada. Versa sobre democracia, sistema de voto, sociedade humana, amizade e outras coisas que importa que as crianças e adolescentes deste tempo conheçam. Afinal de contas pretendemos uma Angola, para os nossos filhos, melhor do que aquela que nos foi brindada em idade homóloga. Daí a necessidade de aprenderem conceitos importantes no seu tempo.

Quanto à quotação/avaliação fiquei com algumas dúvidas, que aqui exponho, pois somados os valores distribuidos por cada questão colocada notei que o somatório chega a 21 valores, existindo ainda uma pergunta sem quotação, pois ela enuncia:

-Dê o conceito de X.
Aqui presume-se que o aluno define X e por isso devia ter uma pontuação/quotação.
a) - Descreva uma delas. 2V
Aqui depreende-se que o aluno vai falar sobre uma das características de X e terá 2 valores caso acerte em cheio.

_ Terá mudado o nosso sistema de quotação/avaliação no ensino geral público?
_ Terá sido apenas um erro do professor, coordenador da disciplina e do Colégio em questão?
_ E que tal da questão a responder sem uma nota a atribuir?
_ Como fica o aluno que tenha errado as perguntas quotadas e acertado aquela que não está quotada?

São questões para reflectir sobre "como vai a nossa educação" ou a educação/instrução que recebem os nossos filhos muitas vezes, por força das nossas ocupações profissionais, distância entre o local de residência e de trabalho, entre outros condicionalismos, confiada a outros, os profesores, que também estão mais preocupados com outras coisas ao invés da missão que lhes foi confiada.
Assim vamos!

terça-feira, dezembro 01, 2009

VELOCIDADE VOLTA A MATAR NA EN230


O acidente que a imagem documenta aconteceu na EN230, ao Km 34 antes da velha  cidade do Dondo, capital do município de Kambambe, província do Kuanza-Norte.

O camião que se vê parado atrás estava carregado de carvão vegetal. Se calhar aguardava ainda por mais carga. Embora houvesse suficiente espaço na área de acostamento, à esquerda, a carrinha L200 foi "ter com ele".

Resultado à vista: nem adianta retratar o que de pior aconteceu com o condutor da Mitsubish L200.

Melhor é ter "pé de chumbo" ao travão do que ao acelerador. A imagem foi captada por mim no dia 29/11/09.