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quinta-feira, março 31, 2011

MUSSEK'ANDO

- Oh Mano, dizem que desque de vieste a capital cresceu muito. É verdade?
- Hum! quem foi que te mentiu assim? O musseque nem um passo deu em direcção ao asfalto e a luz eléctrica desapareceu. Em Maio de 1984, quando do meu primeiro cara-a-cara com Luanda, a cidade começava na Sat’ana. Era ali que começavam duas ruas larga com os carros orientados em apenas um sentido. Havia iluminárias altas que diferenciavam Luanda de outras cidades do interior, onde também havia carros ruidosos e luz eléctrica. Hoje, 27 anos depois, o cenário éo mesmo, apesar de alguns trabalhos que uns desatentos dizem tratar-se de crescimento.

- Como assim se antes tudo isso aqui era capim?
- Quem sai de Viana a Luanda, rapidamente se apercebe que a capital tem algumas ruas iluminadas apenas ao chegar ao cemitério da Santa’ana. O mesmo trecho que vi em 1984 e que vai até ao Jumbo. Todo o resto a montante é “paisagem” escura e propiciadora de muitos acidentes de viação, à noite, dado o encandeamento de uns sobre os outros que circulam em vias opostas. Os desníveis no asfalto, entre um trecho reparado e outro a aguardar pelo novo tapete, tem sido outra causa de despistes, rebentamentos de pneus e a destruição de jantes, sobretudo os de liga leve.

- E quem se responsabiliza pelos danos? Há?
- Ninguém! Voicê pensa que aqui te ligam? No cú do perú!

- Mas então a cidade cresceu ou não?
- Aumentaram apenas as casas. A vila da Mata, o Golfe, o Palanca, o Tunga Ngó, o Curtume, o Kikolo e arredores, o Mulenvos, Viana Sanzala, Vila Nova, Kambamba, Benfica e outros bairros que na altura eram lavras são agora autênticos guetos… O Musseque Braga Junta-se ao Musseque Baia. Nada mais do que isso! Quanto à evolução da cidade é tudo pioria!

- Pioria como?
- Sim pioria. Male-male. Pior ainda é a nova banga na recolha nocturna do lixo e sua pesagem para pagamento. A quantidade (peso) define o valor pago à operadora. E nesta correria pelo dinheiro que é público muitas operadoras preferem mesmo escavar e levar terra em vez de lixo. Consequências, deixam os bairros esburacados e cada vez mais sujos! Outros na ânsia de chegar primeiro, os motoristas, vão espalhando rastos de lixo por onde passam, chegando mesmo a provocar acidentes de veículos que volta e meia dão de cara com um estranho monte de lixo na estrada caído dum camião ou tractor sem cobertura. Acha que alguém da parte do “quem de direito” vê isso? – Ninguém vê. Na hora todos tornam-se cegos, excepto aqueles que vivem os problemas, sem onde se queixar.

Passa pela estrada dos Mulenvos que dá à lixeira provincial. É um exemplo de todos os dias. Os condutores de ligeiros estão sob risco permanente de serem abalroados por um camião de lixo descontrolado ou embater contra uma montanha de lixo “descarregado” na via.

- E os hospitais como estão? É que estou a pensar operar a minha dituba...
- Ah! Esses só a descer. Um paciente que acompanhei por duas vezes consecutivas foi internado numa cadeira do Banco de Urgência dum hospital de referência. E note-se que não é dos que ficam na periferia. É mesmo entre o largo Primeiro de Maio e o largo da Sagrada Família. Depois de ter passado a receber soro numa cadeira foi-lhe dada alta médica, alegadamente por falta de espaço. E não é que teve de voltar à noite ao Hospital pois a saúde degradou? Solução: outra noite, no mesmo hospital, outro soro na cadeira e outra alta na manhã seguinte…Nesse jogo de rato e gato tivemos de optar pelo Hospital do Prenda onde, mesmo sem camas e espaço no B.U., os médicos e enfermeiros se mostraram autênticos profissionais, distribuindo os pacientes em macas: um mal menor para quem passou duas noites seguidas internado numa cadeira.

- E a água já jorra nas torneiras como no tempo do caputo?
- No hospital do Prenda sim. Até deu para lavar o doente. Mas na torneira de casa são as baratas e as minhocas que moram no PVC.

- E a educação, mano, como vai? Disseram-me que o aeiou já não se ensina na pré…
- Antigamente cantávamos a ma me mi mo um ou depois de aprender o abcd. Agora tudo mudou. É só passar de ano e professor único para todas as classes da kabunga à sexta. Já se viu? E nem tudo isso é ainda o cúmulo…

- Ah! Não é?
- Sim. Imagina no vizinho que de lua em lua põe música alta e a polícia que tem esquadra bem ao lado ainda aproveita ir pedir cerveja sem mandar fechar a aparelhagem.

- Mas como assim se não há luz todos os dias?
- Oh mano, você está a ficar burro ou quê? São  os fofando! Você num sabe que já substituíram a luz da EDELI? Arra xiça pá! Vamos só descansar antes que não pensem que somos do contra!

sexta-feira, março 25, 2011

FINALMENTE A LAGE

Aconteceu a 17 de Março.
Doeu-me ao bolso mas lá está. Metade da empreitada está cumprida e o quintal está com o reboco completo, faltando apenas a pintura que dará outro ar. Continuo a acreditar que mesmo sem "empurrão" a casa própria é possível!

quarta-feira, março 16, 2011

CHUVA TRANSFORMA "ESTRADA DE CATETE" EM RIO

Foram três horas o tempo que perfiz entre a loja Shoprite à Vila de Viana (cerca de cinco km), esta quarta-feira, depois da chuva vespertina que inundou várias estradas, bairros, lojas, escolas, centros médicos, etc. e com danos ainda por calcular.

Muitas estradas recentemente repavimentadas ficaram sem o asfalto. Há locais em que se vê pouco de  "asfalto entre buracos", ao invés de buracos na estrada. A Avenida Deolinda Rodrigues (estrada de Catete) ficou transformada literalmente em rio. Muitos carros não aguentaram a corrente das águas pluviais e acabaram sendo arrastadas. Outros ficaram avariados no meio da via devido à água.

E, hoje voltou a chover durante toda manhã e princípio da tarde em Luanda, piorando ainda mais o cenário, de si já precário. Os relatos das rádios falam em mais desalojados, em função de casas inundadas em todo os musseques da capital angolana.
Fruto disso, muitas empresas ficaram com o pessoal drásticamente reduzido e as escolas sem professores e alunos. O mesmo cenário vive-se nos hospitais e centros médicos que viram faltar grande parte do seu pessoal médico e euxiliar por falta de transporte e por não terem alguns sequer sítio seco para poisar o pé. 
A imagem mostra quão coótico têm estado as estradas de Luanda, sobretudo a de Viana, sempre que São Pedro abre as "torneiras celestiais".

sábado, março 05, 2011

A MARCHA PROMOCIONAL DA PAZ E A MANIFESTAÇÃO ANÓNIMA DO AGOSTINHO JONAS R.SANTOS

Uma convocatória anónima de uma manifestação para sete de Março, assinada por um suposto Agostinho Jonas Roberto dos Santos, levou o MPLA a antecipar-se e realizar hoje em todo o país Marchas de Promoção da Paz.

Um milhão de cidadãos, de mais diversas convicções políticas e religiosas, marchou em Luanda a favor da paz e apoio ao presidente angolano JES, cenário idêntico vivido em todas as capitais de províncias e sedes de municípios, conforme relatos da emissora nacional de rádio e imprensa independente.

Depois desta marcha reactiva que dá uma vitória ao MPLA e seu líder, a população aguarda pela segunda-feira, sete de Março, e pelo que o dia trará de novo em relação à suposta manifestação “contra a intolerância”, entretanto já desautorizada pelas autoridades políticas de Luanda. Manuel Fernandes, Nsidiangani Mbimbi e David Mendes, políticos angolanos da oposição, foram os únicos que deram a cara, manifestando publicamente o desejo de nela pretender participar.