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sábado, abril 02, 2011

VICENTE OU FEIJÓ: QUALQUER DELES É BEM-VINDO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Escreveu o Novo Jornal, na sua edição de 01 de Abril, que Manuel Vicente, o ainda PCA da Sonangol, seria o candidato do MPLA à eleição presidencial de 2012. Embora a matéria tenha saído a público no conhecido dia das mentiras, é uma peça a ter em conta.

É sabido as fontes oficiais em Angola nunca são abertas e fiáveis obrigando os jornalistas a um exercício de “alfaiataria”, ou seja, juntar retalhos e constituir aquilo que se pode considerar a “manta da notícia”. E, a contar pelos últimos desenvolvimentos da nossa home politics tudo para lá nos leva. Vejamos: da boca do próprio Manuel Vicente se soube que 2011 seria o seu último ano à frente da tout puissant Sonangol. Não porque estivesse cansado de tanto “petroliferar”, mas porque “alguém” (no caso o chefe) o tinha indicado para novas funções (políticas) que dise não poder negar. Para começar, Manuel Vicente que sempre esteve à margem da alta política foi introduzido no Comité Central e Bureau Político do partido governante, o que indicia alguma coisa de grande monta por acontecer.

Na mesma corrida, à presidência da República, através do encabeceamento da lista do MPLA, os analistas colocam também Carlos Feijó, chefe da casa civil do Presidente da República que viu igualmente aberta a porta do BP do CC do M.
Sobre Feijo recai o mérito pela grande tecnicidade demonstrada ao longo dos anos e conhecimentos vastos  das leis angolanas e internacionais, sendo também um inquilino do Futungo e Cidade Alta desde ainda “jovem imberbe” (entre 26 e 28 anos).

Sobre M. Vicente recai o mérito de ser homem de visão e grande tecnocrata que fez da Sonangol uma companhia extra-nacional e com negócios em vários “cores” como a banca, imobiliária, etc. Vicente tem também a seu favor o facto de ter uma ficha quase imaculada, os olhos da grande maioria dos angolanos, por ter agido quase sempre na sombra ou na penumbra das grandes decisões e escândalos políticos. Não se lhe conhecem escândalos de riqueza por rapina (excepto a questão do 1% do capital da Sonangol Holding, que diz não usufruir, e agora as notícias que o indiciam num negócio milionário de arrendamento de um condomínio habitacional a uma empresa petrolífera que opera em Angola, matérias entretanto do desconhecimento da grande maioria dos angolanos).

Ao ser verdade, aquilo que as movimentações nos dão a ver, MV pode ter mais vivas do que teria um outro candidato do MPLA de maior visibilidade. E os angolanos podem ganhar do facto de MV ser alguém que já tem o seu pé-de-meia feita e que vai encontrar um país com leis viradas para o “anti-corrupção”, com destaque para a Lei da probidade administrativa e a obrigatoriedade de os titulares de cargos públicos passarem a declarar os seus pertences à entrada no “circuito”. A meu ver, é esta a visão mais correcta para quem nos deve governar nos anos que se seguem e calculo ser também esta a visão de José Eduardo dos Santos que pretende ficar na história d país como o precursor da paz e da boa governação, pós-consulado.

Outro aspecto a ter em conta na escolha de JES é o facto de o pacote legislativo aprovado depois das eleições de 2008 poder ser exequível apenas com homens doutra doutrina moral, aqueles que estiveram fora dos holofotes e, sobretudo, aqueles que embora tivessem enriquecido o fizeram sem grandes espoliações, encontrando-se em condições morais de impedir que mais governantes tenham o bolso como meta da acção ao invés da satisfação dos “mais elevados ideais do povo”. Com este cenário, JES que não estará desatento aos "ventos do norte" poderia manter num posto de destaque na vida política angolana, como consultor e/ou conselheiro do novo Presidente por ele "formado" e indicado para substituto, mantendo ingualmente intactos os seus bens e dos seus familiares.

À luz da Constituição de Angola, é eleito Presidente da República o cabeça de lista do partido mais votado nas eleições legislativas, também humoristicamente designado por “sistema paga um e lava dois” que dará a Vicente, Feijó ou outro indicado de Eduardo dos Santos a garantia para a ascensão à mais alta magistratura do país, a contar pelo capital político do MPLA que dificilmente perderá as eleições de 2012.

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