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quarta-feira, junho 27, 2012

UM HINO AO MEU PARTIDO

NOTA PRÉVIA:
Este texto tinha a sua publicação condicionada ao melhor momento para que, nestes tempos de corrida eleitoral, não fosse mal interpretado por uns que só vêm malícia nos ditos e escritos dos outros, perfilando como os melhores combatentes de sempre na nossa Grande Família. Porém, a destituição dos Conselhos de Administração da RNA e TPA e o texto explicativo que se lhe seguiu "Estas nomeações visam a melhoria da qualidade do trabalho e sobretudo garantir melhor pluralidade e objectividade aos referidos órgãos", segundo a nota de imprensa dos Serviços de Apoio da Casa Civil da Presidência da República, motivam a sua publicação, pois já não há nada a esconder em relação à promiscuidade informativa que grassava àquelas casas.
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UM HINO AO MEU PARTIDO

"O meu partido é forte.
O meu partido é capaz.
O meu partido vai ganhar as próximas eleições porque é trabalhador, é mobilizador, tem meios humanos e técnicos.
O MPLA tem tudo e tem mais".
Tem também jornalistas que lhe dão 50 minutos de noticiário em Televisão Pública (tpa 1 - jornal da noite de 16.06- com repetição na manhã de 17.06 na tpa 2). Para o telespectador o país todo parou literalmente. As excepções foram apenas as inaugurações do Ministro dos transportes, a recepção do prémio Nobel da paz 1991 pela líder da oposição birmanesa e a intromissão dos políticos da UNITA e CASA-Ce nos assuntos militares (nota do Estado Maior General das FAA que abriu o jornal).
Nesta hora em que é preciso agradar e, sobretudo passar-se à frente dos outros para ser visto, muitos optam por esquecer-se dos princípios fundamentais da profissão e das normas consagradas na lei sobre o tempo de antena aos Partidos políticos. Militantes e não militantes do Meu Partido procuram mostrar trabalho, augurando por uma recompensa no fim da jornada eleitoral que pode ser a ascensão ou no mínimo a manutenção no posto. Uns ,QUE até já usaram outras camisolas que nunca foram vermelha-preta-amarela fazem-se passar como os melhores de sempre, acotovelando aqueles que sempre estiveram no e com o Partido Vencedor das eleições de 2012.
Tudo o pude ver, quanto as peças, elas foram feitas de forma autónoma e elaborada na perspectiva de notícia autónoma de um acontecimento político, num determinado lugar concreto. O engenho, a meu ver, foi do editor que decidiu juntar todas as peças em “um carnaval de notícias” sobre manifestações de apoio dos militantes ao Cabeça de Lista às próximas eleições do Partido Governante, ferindo, desta feita a Constituição(art. 45), a regulamentação sobre tempo de antena para candidatos e o bom senso jornalístico sobre a equidade, imparcialidade e equilíbrio noticioso.
Até 31 de Agosto vamos ver muitos outros noticiários monodireccionais, “mono-informativas”, que levam até o mais distraído dos destinatários e dar conta de que foram assim concebidos de forma propositada por aqueles que decidiram congelar, temporariamente, os seus conhecimentos e boas práticas de Jornalismo, passando a um propagandismo puro e aberto e sem escrúpulos que, se calhar, a própria direcção superior do Partido gostaria que fosse menos visível, para não dar azo aos resmungos dos demais actores políticos do país e da comunidade internacional que volta e meia reclamam da partidarização dos meios de informação públicos.
"O meu partido é forte.
O meu partido é capaz.
O meu partido vai ganhar as próximas eleições porque é trabalhador, é mobilizador, tem meios humanos e técnicos.
O MPLA tem tudo e tem mais".
Post textum
Espero que os novos Conselhos de Administração das Empresas públicas de Comunicação (RNA e TPA) saibam aprender com os erros dos seus antecessores para que tenhamos uma informação mais plural e ,acima de tudo, "melhorar a qualidade do trabalho e garantir melhor pluralidade e objectividade aos referidos órgãos", segundo refere a nota de imprensa dos Serviços de Apoio da Casa Civil da Presidência da República.

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