Translate (tradução)

terça-feira, dezembro 31, 2013

A DIFICIL SITUAÇÃO DE JOGAR AMARELADO

Gostaria de escrever sobre a difícil sensação de jogar amarelado. Sempre que me fiz ao campo, jogando futebol, não tive jogos oficiais, dignos desse nome, em que a atitude em campo ou em relação oao juiz pudesse redundar em advertência intermédia (cartão amarelo).

Imagino que jogar amarelado seja no campo desportivo ou profissional muito difícil para o executante que se vê invadido por três sentimentos/situações:

1-      O orgulho próprio de fazer segundo a sua consciência, compleição física e táctica ou profissional.

2-      O perigo de tentar fazer as coisas mais para agradar o treinador e/ou o árbitro, pois ambos estão de olho nele, do que executá-las com o profissionalismo que lhe é devido.

3-      A possibilidade de ser julgado não pelo que sempre fez mas por pesar sobre ele uma admoestação.

Nunca tendo estado em campo desportivo como actor, repasso aos meus amigos a ingrata missão de tecer os seus comentários e ou experiências quanto ao que já terão sentido em situação análoga.

Que 2014 seja, em todos os sentidos, um ano com poucos cartões amarelos nem vermelhos!

segunda-feira, dezembro 23, 2013

DIA-A-DIA DO PROFESSOR NO FIM D´ANO LECTIVO

- Alô
- Alô, com quem falo?
- Aqui é teu/tua aluno/a fulano/a de tal.
- Ok. então, estudante, qual é o teu problema?
- Professor, liguei só para o professor me ajudar. Estou mal.
- Estudante, queres apoio financeiro ou boleia para ir ao médico?
- Não doutor, estou mal na tua cadeira.
- Estudante, já começaste mal. Mas, vamos lá ver a tua turma......
- Sou da turma X.
- Sabes, quanto tiveste nas três avaliações?
- Sim professor sei.
- Então faz a soma e divide por três. Apenas isso.
- Sim professor, já fiz e estou mesmo mal.
- Não estudaste o suficiente. Vais repetir a cadeira ou solicita exame extraordinário...
- Professor me ajuda só. O Professor não pode me dar uns pontos para chegar à média dez?
- Estudante, isso não é negócio. Não é venda de tomate em que podemos dar alguns de quebra (esquebra). É ciência e com ciência não se brinca...
- Mas professor?
- Estudante, agradeço a chamada, agora o professor vaio ter de trabalhar. Liga-me mais tarde se for para outra conversa.
- Pim, pimmmm, Pimmm.

segunda-feira, dezembro 16, 2013

PEDOFILIA, VIOLAÇÕES DE NOVIÇAS E ACÓLITOS E OUTRAS "POUCAS VERGONHAS" DA CATÓLICA

Papa Francisco quer moral na igreja
Man-Chico, o papa argentino que está a marcar o Vaticano, quer combater os delitos sexuais e os desvios à norma de padres e madres que se entregam perdidamente ao deleite sexual.
Hoje, sobretudo em Angola, poucos terão dúvida de que "debaixo dos hábitos (vestes) habita um fogo sexual desmesurado".
Muitos padres e madres sexuam de forma aberta. Têm filhos e constituíram famílias.
Virão eventualmente uns falsos puritanos jogarem-me pedras a desmentir sem argumentos…

Madres e padres têm uma brincadeira que se chama sexuar. Conheço madres e padres que sexuam desavergonhadamente dentro (entre eles) e fora da igreja (com outros homens e mulheres, servos ou não da corporação).

Há Bispos que têm filhos e muitas namoradas. Há padres que desfloram noviças e crentes. Madres que de dia usam hábito e de noite “txuna baby”... Basta ver como algumas se comportam em gozo de férias, piores do que vadias profissionais.
É óbvio que no meio de tanto joio ainda resta algum trigo. Mas será que o  Papa Francisco vai conseguir pôr ordem no “prostíbulo”?
Para mim, por aquilo que vejo, leio e oiço, a moralidade na católica recuou aos tempos da Idade Media, quando o clero estava todo entregue à luxúria, a acumulação de riquezas, aos concubinatos e aos mais diversos escândalos, o que levou um dos papas daquele tempo a dar um basta, “proibir” os casamentos, a fim de se dedicarem mais à igreja do que aos prazeres terrestres e carnais.
Vai, por isso, a minha sugestão ao Man-Chico, o Papa:
- O melhor caminho, para que deixe de haver tanto despudor na igreja de Paulo, é mesmo abrir a loja. Adoptem a mesma postura que tomaram os vossos "revus" protestantes. Sigam o conselho de Paulo, o apóstolo.
"Era bom que fossem como eu (celibatário) porém, caso vossa carne seja fraquíssima, será sempre melhor se casarem do que fornicarem". Casem-se. Verão que o trigo, aqueles que mantêm a pureza, deixará de ser confundido com o joio que inunda as sacristias.

terça-feira, dezembro 10, 2013

O MAIOR NEGRO QUE JÁ VIVEU

De Klerk e Mandela
Njinga Mbandi, Mandume ya Ndemufayo, Mohamed Ali (Egipto), Leopoldo Senglor, Nkwame Nkrumah são alguns nomes de africanos que se debateram pelas lutas e independências de seus povos e do continente.

África teve, ao longo do seu percurso histórico, homens notáveis, homens corajosos que abdicaram de suas vidas, que não se acomodaram com o que tinham e lutaram pelos que nada tinham. Que não se acomodaram com as migalhas de liberdades condicionadas e se entregaram à luta para a liberdade das maiorias, o seu povo. Essas lutas árduas foram feitas num tempo em que as tecnologias de informação e as vias de comunicação não estavam tão desenvolvidos e universalizados como hoje. Esses homens conhecidos e incógnitos merecem a nossa honra e respeito.

Atrevo-me, entretanto, a elevar Nelson Mandela, o adolescente que frequentou uma Missão da Igreja Metodista na África do Sul, como o Maior Negro da Nossa História. Vejamos:
KING
Mandela era 11 anos mais velho do que Martin Luther King Jr.
A forma de luta, a  Não Violência, era a mesma. Mandela passou da "Nao Violência" a luta violenta quando notou que os êxitos eram ténues. Saído da prisão, 27 anos depois, em 1990, negociou a paz com os seus carcereiros, assumiu o poder e sempre defendeu a harmonia quando até tinha tudo para se vingar. Na presidência da África do Sul, cumpriu um mandato e abandonou quando tinha tudo para lá continuar para pelo menos mais um mandato.

Quanto ao Sonho de King e ideal pelo qual lutou Mandela têm o mesmo fim.
Vejamos outro dados.
- Mandela foi julgado entre 1962 a 1963 (por isso completou 27 anos na prisão) e  durante o julgamento disse: "Durante a minha vida, dediquei-me a essa luta do povo africano. Lutei contra a dominação branca, lutei contra a dominação negra. Acalentei o ideal de uma sociedade livre e democrática na qual as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal para o qual espero viver e realizar. Mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer.

- King fez o célebre discurso “I have a Dream” em 1963 em que prenunciava uma América justa e igualitária onde meninas negras e meninos brancos pudessem caminhar de mãos dadas...
 
Outra coisa é certa: Nelson Mandela, Matin Luther King e Mahatma Ghandi foram da mesma escola (luta pacifica).

Mandela viveu mais tempo do que KING (nasceu antes e morreu depois). Passou por mais etapas, privações e provações, tendo resistido a tudo e todos sem nunca abdicar do seu ideal.
O renomado escritor sul-africano André Brink num artigo publicado logo ao fim do mandato seu mandato, coloca Mandela como o maior nome do século XX, comparando-o a outros expoentes - como Gandhi ou Martin Luther King e acentua que esses morreram sem que tivessem ocasião de experimentar o exercício do poder. Outros como Eisenhower ou Churchill, que se destacaram em momentos de guerra, não o fizeram durante a paz...

sábado, dezembro 07, 2013

INVADE-ME UM PRAZER MAIOR DO QUE O CANSAÇO

Eis-me exausto mas feliz por ter realizado uma actividade beneficente. Aliás, quem corre por gosto não se cansa. Eu e meus colegas de Catoca passamos o dia em Saurimo, capital da Lunda Sul (Angola) prestando um serviço social. Depois de termos convidado os artesãos portadores de deficiências, tutelados pela  Direcção de Assistência e Reinserção Social, para exporem e venderem as suas produções em Catoca, fomos hoje (07.12.2013) pintar o espaço em que laboram.
À nossa iniciativa juntaram-se trabalhadores de outras empresas: os da Cimianto forneceram as os pincéis, os do grupo 7Cunhas as tintas e a Rádio e TPA levaram as imagens e os discursos a quem esteve em casa.
É preciso “abrirmos as mãos”. Por mais apertadas que estejam as nossas contas há sempre alguém precisando mais do que nós. Ali onde o dinheiro não exista, a nossa força e nossas ideias podem fazer a diferença. E fizemo-lo.
Pintamos a parte exterior de todo o edifício anexo e o interior da sala em que se fazem os instrumentos de cestaria. Um gesto que serve como anzol e isca entregues a quem tem fome.
Eu sou o que aparenta ser "o mais alto"
 
Proporcionamos mercado para os produtos (exposição e vendas em Catoca) e melhoramos as condições do local de trabalho dos artesãos deficientes físicos. Também fizemos amizades entre os participantes e com os portadores de deficiências.
Depois do lanche, a foto de família e  o sentimento de dever cumprido.

domingo, dezembro 01, 2013

OS LAMENTOS E ANSEIOS DO POVO E A MÚSICA DE HANDANGA


Muito longe do bambolear de corpos frescos e umas simples gritarias que enchem hoje os espaços musicais, uma boa música mede-se pela letra e, sobretudo, pelo conteúdo/mensagem que retrata/transmite.
Ouvi demoradamente, durante o último fim de semana as músicas de Justino Handanga. Notei que o músico continua no seu estilo peculiar e que o tempo se encarregará de perpetuar. São reproduções de falas das populações. Lamentos, gritos de euforia, descrições situacionais e recontar de estórias e História.
Foi bom ouvir a nova roupagem do “mbalaum eyi ya ndonga”;  o “Abílio” que virou caenche sendo para ele “pequena coisa: Ó velho eu vou te chapar”; as viagens ao Musende (Kwanza-Sul; o “ Carlitos” que levou a mulher ao Huambo tendo-a abandonado depois de reencontrar os parentes e as conterrâneas, etc. São músicas que nada têm a ver com as gritarias de muita mizangala de hoje que, com certeza, nada legará para a posteridade com o seu “mana me deixa, me deixa e outras (des)coisas).