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segunda-feira, abril 25, 2016

10GRAÇA NO COME CENOURA


Aturei 'mbora bem o engarrafamento da “Bacia Come Cenoura”, que nos dias de chuva engole o asfalto em vez da hortaliça de quem recebe o nome.
Três horas e tal, a "caloriar" num carro com AC e tudo. Gasóleo agora é líquido precioso que requer poupança. Luxo fica só pela metade. Quando estava mesmo já no fim do sofrimento, um gajo a buzinar aos outros para terem mais atenção e eles a me buzinarem de volta, uns só mesmo de pirraça para espantar os nervos que tinham comido todas as unhas e quase a sangrar os dedos, estava já a entrar para o asfalto, quando ouvi na minha traseira esquerda cru-cru-cru- buá.

Um Rav 4 antigo, todo desmazelado, raspou-se no meu carro, até se estatelar no degrau que chamam de "pisa-pé": buá! E o homem não pára já? Não! Continuou.

Estava, afinal a ser puxado com corda de aço por uma carrinha de uma empresa. Saí foribundo da viatura, quase a lhe dar uns socos com a minha mão aleijada, mas o polícia que estava por perto me contrariou:

Não lhe bate a frente d'atoridade.

Então, camarada autoridade, manda-lhe pagar estragos que causou, senão vamos nos resolver mesmo já aqui. Esse carro tem nome da minha sofrida mãe. É de sofrimento. Não me foi atribuído pelo Estado, nem o apanhei só assim...

Aí, o homem do acidente exibe as cadapla e confessa:

Sou de boa fé. Me desculpa só. Também sou polícia, dos que guardam as empresas grande e o meu ganho é xis. Pior, acabei de enterrar a mãe. O meu passe e a carta de condução podem ir contigo. Me dá o teu contacto e um dia te procuro.

A Maria anda agora arranhada, como se tivesse lutado  com o António, seu finado marido de setenta e três-oitenta e dois. Já leva tempo, o homem nada.

 

- Melaço, Mela?! Não é que descobri que aquele tipo que danificou a lateral da viatura não é um gajo de  boa fé, mas um morador da Boa Fé?

- Quem te disse, se não te vi a sair?

- Sonhei filha. Sonhei. Foi a reposição completa do filme...

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