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domingo, janeiro 15, 2017

A PISCINA FLUVIAL

 
O tio de Mangodinho é um homem grande. Um chefe na antepenúltima patente da sua corporação. A casa dele é também uma casa à maneira. Um kaprédio de três pisos, incluindo a "sala de cinema" no terraço.
O cimento, o mosaico, os tijolos e todas as imbambas que sobraram foram confiadas a Mangodinho que teve direito a regressar à sua banda com um camião carregado. A parte dele também não era pouca e foi dela que se serviu para construir a sua mui desejada "piscina fluvial" no dizer de Phande-a-Umba, um jovem nascido na região, mas há mais de trinta anos a conhecer o país.
Miúdo Russo era o principal apoiante de Mangodinho nessa ideia.
Precisaram de três sábados para escolher o local, escavar o tanque e passarem a cobertura do fundo e das paredes com cimento e tijolos. No final, um tanque recordava os antigos bebedouros para bois. Mas estava funcional. A água entrava e saía. Uma pequena escada dava acesso ao tanque de 3mx5mx1,2m. Para os homens da aldeia, crédulos e incrédulos na ideia, era uma festa. Subiam e desciam para o banho de toalhas penduradas ao ombro.
- Mangodinho é um gênio. - Diziam os mais jovens.
- Mas esse rapaz, tirou daonde essa ideia? - Questionavam-se também ,com júbilo, os anciãos da aldeia.
Só uma placa mandada colocar pelo secretário da aldeia dividia a comunidade. "Proibida a frequência feminina de mulheres", lia-se na tabuleta pregada a um barrote enfiado no solo húmido, a trinta metros do tanque-piscina.
Para as senhoras a curiosidade era tanta. Aquelas mais atrevidas, que haviam cruzado o local, em dias de pesca ou caça colectiva, quando todos os homens se ausentam, tinham verificado a vantagem de elas também terem um tanque idêntico e cuidarem melhor da sua higiene íntima e da higiene dos filhos.
- Porquê eles tomam banho bem e nós é que ficamos à tomar banho com os animais? - Reclamou Kilombo, a coordenadora do núcleo feminino. - Esse Mangodinho vai ter de se ver connosco!
 
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