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quarta-feira, março 15, 2017

DESANUVIANDO NO KM 32

"O mar é bom. Tira stress, cura sarna, mata piolhos e muito mais. Mas também dá más notícias. Quando não une famílias pelo convívio as separa do convívio" (in Mangodinho).
 
Conheço e frequento as praias atlânticas, junto a costa de Luanda desde 1984. Naquele tempo, todas as instâncias balneares  eram públicas. Bastavam umas moedas para o autocarro 33, 43 ou 45 e chegava-se ao largo da Amizade (Baleizão), caminhando depois para a Chicala ou mesmo adentrando a Ilha do Cabo.
 
Com o andar do tempo, o crescer do cimento privado sobre a costa fez com que só quem tenha dinheiro para desfrutar do luxo alheio possa frequentar as praias do istmo luandense. E, assim começaram as viagens ao sul: Corimba, Morro dos Veados, Museu da Escravatura, Km 27, Km 32, Ramiro, Foz do Kwanza, sempre a descer.

A maka dessa prosa tem a ver com as cobranças que uma dita Comissão de Bairro faz aos banhistas que se fazem transportar em viaturas para aceder à praia do Km 32. O cidadão encontra uma corda esticada, na altura de um metro, atravessando a picada. É preciso desembolsar Kz 200,00, ao que se diz, para limpar a praia que tem mais lixo do que limpeza.
São se discutiria a pertinência da ideia se as praias fossem limpas. Seria uma forma de ajudar a edilidade. Sobretudo, se esse dinheiro fosse devidamente controlado e depositado em erário de onde sairia para ajudar quem administra a fazê-lo melhor.

A questão é que as fichas de cobrança atestam uma "contribuição mínima de kz 200" e as mesmas não se acham numeradas para permitir um maior controlo. Outra suspeição que se levanta vem do facto de os talões serem passados pela "Comissão de Moradores" e não por um órgão da administração legalmente mandatada para o efeito.

Não haverá aí um "ChicoEsperto" querendo colher onde nunca semeou? E que tal se esse dinheiro, bom nos tempos que correm, fosse atender o que falta às nossas praias (higiene e segurança), mas passando por uma regulamentação e sendo cobrado pela administração tributária ou outro órgão afim? Por que não é canalizado para a CUT (Conta Única do Tesouro) e dá sair a percentagem devida à administração local?

Não sendo a praia do Km 32 distante de Luanda, quem tiver dúvidas pode ir ver e aproveitar fazer um banho de água salgada que a água está quente e convidativo. Mas deve levar um saco para acondicionar os descartados!

Obs: publicado pelo Jornal Nova Gazeta

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