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segunda-feira, janeiro 01, 2018

ENTRE SETE E SETENTA


Entre as memórias que conservo da primeira urbe da minha vida, Calulo, sede do Libolo, uma delas é, indubitavelmente, a moagem do "velho" Manuel Cunha. É lá que, ainda pequenos, íamos trocar, isso mesmo, trocar milho por farinha do mesmo cereal. E éramos atendidos sem demora. Dependia da coloração do cereal a depositar, geralmente medido em baldes, recebendo, também em baldes, quantidades semelhantes de farinha.

Já em Luanda, a capital das capitais, conheci, tempos depois, a casa setenta de seu filho Oka. Um restaurante famoso por acolher espectáculos musicais, num palco onde já desfilaram vedetas de topo do musicall nacional e mundial.

Tempos depois, de volta a Calulo, onde a moagem do "velho" Cunha não resistiu as intempéries do tempo e à acção vandalizadora dos homens do gatilho, Oka, o filho, ergueu no espaço da antiga moageira uma esplanada, concorrendo, com enorme sucesso, com os restaurantes da pensão e do hotel que ficam a não mais de cem metros. Muitos que adentram aquele espaço, ao se aperceberem de quem é o proprietário, não se coíbem em apelidá-lo de "casa sete". E, por mais incrível que pareça, essa casa está sempre bem frequentada. Muitos e interrogam “onde estará o segredo para tantos fregueses?

Oka, o José Carlos Cunha, mediu o bolso dos seus clientes que com grãos fazem salários de outros conterrâneos que labutam na casa que "olha" para a fortaleza de Kalulo, centro turístico de referência da pequena urbe .

Texto publicado pelo jornal Nova Gazeta a 11.01.18

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